terça-feira, 11 de abril de 2006

Para onde vai o dinheiro do petróleo?

"Argélia: para onde vai o dinheiro do petróleo?", eis o título de um artigo publicado na última edição do Le Monde Diplomatique (edição portuguesa) pelo jornalista Jean-Pierre Séréni.
É um artigo onde o autor faz uma reflexão com o objectivo de tentar explicar alguns paradoxos: "recursos petrolíferos a jorros, um país cada vez mais rico, uma população cada vez mais pobre".
Na opinião de Jean-Pierre Séréni o problema do país não está na ausência de dinheiro para relançar a economia mas em "utilizar melhor os inesperados recursos", ou seja, não desperdiçar os recursos disponíveis.
A Argélia regista hoje uma situação financeira equilibrada e a dívida externa já não é uma preocupação. Possui petróleo e vários produtos para exportação, tal como diversas parcerias com empresas estrangeiras, refere o autor.
Apesar disso, verifica-se uma grande fosso entre a riqueza proveninente do petróleo e a vida das pessoas. Há "cortes de estradas, ocupações ou incêndios de edifícios públicos, , sequestro de oficiais eleitos e de funcionários públicos, manifestações violentas que se tranformam frequentemente em motins ... falta de água, corrente eléctrica, habitações, trabalho, esgotos ... "
Por outro lado, segundo Jean-Pierre Séréni verifica-se uma "ausência de quadros qualificados e competentes".
A questão seguinte é colocada claramente: "Por que razão é a Argélia rica e os argelinos pobres?"


1 comentário:

Anónimo disse...

De facto a pergunta é pertinente, Porque é que Paises com recursos naturais de uma riqueza imensurada podem ter cidadãos pobres e uma sociedade com carências básicas de sobrevivência?

Parece-me irreal quando poderemos juntar a este País outros na mesma linha de posicionamento: Angola, Brasil, alguns países árabes...enfim...

Acima de todo o complexo sistema de amor pela vida humana existe o não menos complexo sistema de superioridade.As grandes elites economicas de massificação mundial dominam os fluxos rentáveis que emergem nestes países com parcerias, por vezes, pouco claras.

Juntando a muita corrupção, a Monopólios de poder instituido, em que no caso dos citados "alguns países árabes", chega ao cúmulo de quase todos os Senhores do Petróleo terem grandes palácios, um grande e invejável conjunto de viaturas de muitos milhões de euros, tectos e torneiras banhadas a ouro, entre outras extravagâncias exageradamente demonstradas.

É triste constatar diariamente com sucessivas e massacradoras notícias de milhares de mortos por dia, por falta de água, comida, saúde ou habitação. Mesmo que não se podesse resolver todos os problemas do mundo ajudaria pelo menos resolver os do próprio pais. Aproximando as grandes diferenças de estratificação social e criando um sistema de apoio aos mais carenciados...seria o mínimo exigido.

É óbvio que penso quase todos os dias no mundo cruel em que vivemos e ao qual milhões de inocentes sofrem a indiferença dos mais abençoados...

Não é um acaso que em 1994 mais de 1 milhão de pessoas tenham morrido no RUANDA, sem que ninguém se importasse...não havia lá petróleo, diamantes ou qualquer recurso que fosse traduzido em cifrões...o desprezo e o desinteresse manifestado pelo mundo ocidental e EUA definiu o nosso EGO...somos cobras à espreita...o sentimento e a lealdade pelo nosso igual é simplesmente desfocada pelos pensamentos em rentabilidade e crescimento económico...

Parece-me importante que fosse aplicada uma lei que limitasse a exploração de recursos naturais existentes em Países menos afortunados, em que uma parte significativa dos dividendos fosse traduzida na obrigatoriedade de melhoramentos no país, ex. vias terrestres, canalização, hospitais,... e em obras de solidariedade social vincadas para os mais desfavorecidos.

É claro que existiria sempre a corrupção e a instabilidade social mas seria menos notada e mais esbatida. Com um esforço comunicacional poderia servir para apaziguar actos de vandalismo, entre outros, no sentido de colocar crédito aos seus governantes.

Acreditar é algo que muitos de nós deixaram de sentir...

António Paulo Marques
Aluno: 3755
Turma A - 1ª Ano - Nocturno